terça-feira, 11 de janeiro de 2011

LITERATURA - OSWALD DE ANDRADE

José Oswald de Sousa Andrade Nogueira nasceu em São Paulo a 11 de Janeiro de 1890, e foi um importante escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi considerado pela crítica de então como um dos escritores mais rebeldes e inovadores do modernismo literário brasileiro da sua época.
Poet'anarquista
Oswald de Andrade
Poeta Brasileiro
BIOGRAFIA

Articulador e activo participante do modernismo lançado em 1922, Oswald de Andrade foi o escritor mais rebelde de todo o movimento e o que mais tendeu, em sua prática, à formulação de utopias. Assumindo posturas radicais de esquerda, quis revolucionar não só a arte, mas também os costumes, as instituições e a vida social como um todo. De família rica, José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo SP em 11 de janeiro de 1890. Iniciando-se no jornalismo em 1909, como crítico teatral, em 1912 viajou pela primeira vez à Europa, de onde voltou com uma estudante francesa, Kamiá, a primeira de suas várias mulheres, e novidades de vanguarda como o "Manifesto futurista" de Marinetti. 

Bacharel em direito (1918), tornou-se amigo de Mário de Andrade, a quem lançou pelo Jornal do Comércio através do artigo "O meu poeta futurista". Em 1923, passou nova temporada na Europa, vivendo com a pintora Tarsila do Amaral, com quem mais tarde formalizaria o casamento. Lá conheceu importantes renovadores das linguagens artísticas, como Picasso, Blaise Cendrars, Erik Satie, Léger, Cocteau e Brancusi. Em 1924, publicou Memórias Sentimentais de João Miramar, um dos seus livros mais conhecidos, e o "Manifesto da poesia pau-brasil", de ampla repercussão. Em Paris publicou Poesia pau-brasil (1925). Após viajar pelo Oriente Médio, retomou em São Paulo a actividade jornalística e lançou A estrela de absinto (1927; um dos romances da Trilogia do exílio). Colaborador assíduo dos principais veículos da pregação modernista, como as revistas Klaxon e Verde, fundou em 1928, com Raul Bopp e António de Alcântara Machado, a Revista de Antropofagia, que logo no seu número inicial divulgou um dos textos mais polémicos de Oswald, o "Manifesto antropófago". Dissidente, a essa altura, do grupo mais ligado a Mário de Andrade, lançou nesse texto, "contra todos os importadores de consciência enlatada", um dos seus lemas de maior futuro: "Tupy or not tupy, that is the question." 

Em 1931, ingressou no Partido Comunista Brasileiro e começou a escrever sobre política. Separado de Tarsila e vivendo com Patrícia Galvão (Pagu), precursora do feminismo, fundou com ela O homem do povo, periódico de curta duração que pregava a luta operária. Casou-se outras duas vezes, candidatou-se em vão à Academia Brasileira de Letras e publicou intensamente: Serafim Ponte Grande (1933), O homem e o cavalo (1934), A escada vermelha (1934), A morta (1937), O rei da vela (1937), Marco Zero: a revolução melancólica (1943). Sempre rebelde e contestado pelos seus contemporâneos, Oswald de Andrade morreu em São Paulo em 22 de outubro de 1954, ano da publicação das suas memórias, Um homem sem profissão, sob as ordens de sua mãe. Cerca de dez anos depois, a sua obra nada canónica começou a ser revalorizada pelos intelectuais concretistas e pelos movimentos de poesia jovem.
Fonte: shvoong.com


BALADA DO ESPLANADA

Ontem à noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como é que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.
É que este
Coração
Já se cansou
De viver só
E quer então
Morar contigo
No Esplanada.


Eu queria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
É tão distinto
Ser menestrel
No futuro
As gerações
Que passariam
Diriam
É o hotel
É o hotel
Do menestrel

Pra me inspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotel

Mas não há, poesia
Num hotel
Mesmo sendo
'Splanada
Ou Grand-Hotel

Há poesia
Na dor
Na flor
No beija-flor
No elevador


Oswald de Andrade

A DESCOBERTA

Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam por a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

Oswald de Andrade


CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA
 
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

Oswald de Andrade

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