domingo, 23 de janeiro de 2011

RAFAEL BORDALO PINHEIRO

A 23 de Janeiro de 1905 morre Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro. Foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador,decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma visibilidade nunca antes atingida. É o autor da representação popular do Zé Povinho, que se veio a tornar num símbolo do povo português. Entre os seus irmãos estava o pintor Columbano Bordalo Pinheiro.

O Museu Rafael Bordalo Pinheiro, em Lisboa, reúne a sua obra.
Fonte: Wikipédia
Rafael Bordalo Pinheiro
Desenho e Foto

Bordalo Pinheiro
Dia de Reis/ Sintra Museu Nacional de Arte Moderna

Bordalo Pinheiro
Zé Povinho/ Litografia
OBRA GRÁFICA

Rafael Bordalo Pinheiro, foi uma das figuras mais relevantes da cultura portuguesa oitocentista. A uma inquietação intelectual e a um raro espírito de observação, aliou um enorme inconformismo, patente na sua vastíssima obra que constitui um documento ímpar para o conhecimento do Portugal de Oitocentos.

A sua carreira artística iniciou-se com uma série de desenhos e pinturas de carácter naturalista.Autor de uma infinidade de páginas onde se retratam quase todos os acontecimentos da época, alia a síntese da informação à análise crítica das situações que expõe ao ridículo, numa perfeita cobertura jornalística.As suas criações, divulgadas nas páginas dos jornais que sucessivamente concebeu e dirigiu, continuam a conviver connosco. Exemplo maior desta actualidade é o Zé Povinho, o seu melhor testemunho e o seu maior aliado.

Autor e proprietário de diversas publicações em Portugal e no Brasil, abarcando áreas muito diversas, de que releva a caricatura político-social, elegeu algumas personalidades como ódios de estimação, afinal não mais do que a expressão de sentimentos colectivos face a episódios e situações concretas.No Álbum das Glórias, privilegiou um tratamento personalizado, caricaturando e biografando personalidades de diferentes quadrantes sociais.Não será de descurar a sua colaboração noutras publicações, quer em Portugal, quer no estrangeiro.

Simultaneamente Rafael Bordalo Pinheiro, aplicava a sua inesgotável energia e poder criativo em diferentes áreas como a publicidade, a ilustraçãoprojectos.

Teatro, foi sempre uma das suas paixões, tendo deixado uma vasta obra fruto desta relação privilegiada.Não podemos deixar aqui de referir a auto caricatura, vasta na sua obra, e fundamental para conhecermos a personalidade deste grande criador e algumas das causas que abraçava, como o republicanismo.

ILUSTRAÇÃO

Como ilustrador Rafael Bordalo Pinheiro, surpreende-nos uma vez mais. Para além de ilustrar as suas próprias publicações e de colaborar em tantas outras, quer nacionais quer estrangeiras, surge-nos simultaneamente com excelência como ilustrador de várias obras de literatura que, constituíram um marco da época.

Bordalo Pinheiro
Capa da Obra / Os Fantoches de Madame Diabo

Bordalo Pinheiro
Capa da Obra/ O Real Teatro de S. Carlos de Lisboa

Bordalo Pinheiro
Capa da Obra/ Uma Viagem ao Amazonas

NATURALISTA

Rafael Bordalo Pinheiro iniciou a sua carreira artística através de uma série de desenhos e pinturas de carácter naturalista, tão ao gosto da época.

As Bodas na Aldeia, desenho datado de 1871, foi exposto em 1872 na Exposição de Madrid no mesmo ano na IX Exposição da Sociedade Promotora de Belas–Artes, não tendo tido grande impacto e não sendo as opiniões a seu respeito unânimes, representa no entanto uma das suas vertentes, assim como a representação de tipos e costumes populares evidenciando já o seu espírito humorista patente nas personagens representadas.

Bordalo Pinheiro
Bodas na Aldea/ Desenho a Carvão

Bordalo Pinheiro
O Jogo da Marca 
(Desenho a Lápis e Aguarela)

ÓDIOS DE ESTIMAÇÃO

Os Ódios de Estimação, contemplaram tanto pessoas como situações. Rafael Bordalo Pinheiro dedicou especial atenção às relações luso britânicas, caricaturando a Inglaterra como a terrível «Albion» e as visitas reais, não poupou a crítica aos impostos lançados pela Fazenda e não poupou igualmente a Igreja, através das ordens religiosas. 

As pessoas também não fugiram a esta regra, como acontece na vida, amizades degeneraram em ódios.
Bordalo Pinheiro
Capa da Obra Delenda de Albion/ Litografia Colorida

Bordalo Pinheiro
Os Acontecimentos de Coimbra / O Burro e a Albarda

Bordalo Pinheiro
General Macedo/ Litografia Colorida

PROJECTOS E PUBLICAÇÕES

Para além de todas as manifestações a que, o seu génio nos foi habituando e das quais temos testemunhos, Rafael Bordalo Pinheiro surge-nos agora como projectista e em diferentes áreas tal a sua versatilidade: decoração, teatro, imobiliário, são alguns dos exemplos.

Bordalo Pinheiro
Pavilhão Chinês/ Aguarela

Bordalo Pinheiro
Lustre e Candelabro da Baixela 
do Visconde de S. João da Pesqueira
 (Lápis e Aguarela)

Bordalo Pinheiro
Princeza Rattazi/ Litografia Colorida

Bordalo Pinheiro
O Solitário de Vale de Lobos/ Litografia

Bordalo Pinheiro
Ámen/ Litografia

Bordalo Pinheiro
IV- A Rethorica Parlamentar - O Grande Papagaio 
(Litografia Colorida)

Bordalo Pinheiro
Capa da Obra Diário de Notícias Ilustrado
 (Litografia Colorida)

Bordalo Pinheiro
O Andador das Almas/ Litografia Colorida

Bordalo Pinheiro
Portuguese Fisherman/ Litografia Colorida

PUBLICIDADE

Uma outra área em que, Rafael Bordalo Pinheiro nos deixou como legado a marca da sua criatividade.

A publicidade foi encarada como um meio de atingir maiores proventos para além dos garantidos através do puro exercício da arte, como se aquela pelo génio nela expresso não se constituísse também em verdadeiras obras de arte.

Bordalo Pinheiro
Calendário para 1896/ Litografia Colorida

Bordalo Pinheiro
Jerónimo Martins & Filho/ Litografia Colorida

REPUBLICANISMO

Na A Grande Obra, está expresso o poder de síntese de Rafael Bordalo Pinheiro que, ao auto-caricaturar-se não só se mostra partidário de um ideal, como também demonstra que o regime vigente tutelado pelo rei, contribuía para a construção da República.


No Álbum das Glorias, homenageou figuras republicanas nacionais e brasileiras e contribuiu através de outras publicações como O Voto Livre da sua autoria, espécie de lista republicana com retratos de Magalhães Lima e outros com o mesmo propósito.

Bordalo Pinheiro
Lopes Trovão/ Litografia Colorida

Bordalo Pinheiro
Joaquim Saldanha Marinho
(Litografia Colorida)

Bordalo Pinheiro
Manoel d' Arriaga/ Litografia Colorida

TEATRO

O Teatro é uma referência fundamental, na vida cultural da nova sociedade burguesa da Lisboa Oitocentista, como ponto de encontro e onde se trocavam novidades e se conheciam pessoas. Sendo Rafael Bordalo Pinheiro um homem mundano e do seu tempo não lhe poderia ser indiferente, para além de que, desde muito cedo revelou uma paixão pelo mundo do espectáculo para a qual terão contribuído o facto de um dos seus amigos de juventude ter sido Júlio César Machado, escritor com quem, anos mais tarde, colaborará ao ilustrar a obra Os Theatros de Lisboa e o famoso actor João Rosa, grande amigo do seu pai.

Com catorze anos ousou pisar o palco, estreando-se em 1860, nas peças “Conde de Paragará” e “Lua de Mel”. Chegou a inscrever-se no curso de arte dramática do Conservatório, dirigido por Duarte de Sá. No entanto, por determinação de seu pai, a sua carreira teatral, ficou-se por aí.

Ao longo da sua vida o seu interesse e o seu gosto pelo Teatro e pelo mundo do espectáculo são evidentes não só patentes ao longo de qualquer uma das suas publicações com referências a artistas e a peças teatrais e aos seus autores, mas também através da imaginação ímpar, com que desenhou inúmeros figurinos para as revistas O Reino da Bolha, em 1897, e Formigas e Formigueiros, em 1898.

Bordalo Pinheiro
Justiça - O Trajo e uma Toga
( Desenho a Tinta da China e Aguarela)

Bordalo Pinheiro
Coro de Gatos e Gatas
 (Desenho a Tinta da China e Aguarela)

Bordalo Pinheiro
Theodorico Baptista da Cruz/ Litografia


 MUSEU DE LISBOA

RAFAEL BORDALO PINHEIRO

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom este post sobre Rafael Bordalo Pinheiro e a sua obra.
Continua com este magnífico blogue!
Beijos
Dona