domingo, 1 de maio de 2011

1.º DE MAIO - DIA DO TRABALHADOR

A colega sindicalista Maria Margarida Machado fez-me chegar por e-mail os tópicos de intervenção da colega Deolinda Machado, no plenário de sindicatos da CGTP-IN. Muito a propósito e em boa hora, hoje que celebramos mais um aniversário do «Dia do Trabalhador», 1 de Maio de 2011, lembrando a necessidade de união nas lutas difíceis que se adivinham, resolvi fazer publicação das palavras finais de Margarida Machado e da intervenção de Deolinda Machado. Para ambas a minha solidariedade. Viva o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador!
Poet'anarquista

Amanhã é dia 1º de Maio, o dia do trabalhador, façamos dele um dia de festa e confraternização, mas também um dia luta pela nossa dignidade e defesa dos nossos direitos.
Margarida Machado
1.º de Maio - Dia do Trabalhador
Cartaz Nacional da CGTP-IN

TÓPICOS DA INTERVENÇÃO DE DEOLINDA MACHADO, NO PLENÁRIO DE
SINDICATOS DA CGTP-IN  

Começo por saudar todas/os as/os presentes neste Plenário de Sindicatos.

Num momento como este que estamos a viver de ataque à Democracia, à Liberdade e à Soberania, é preciso dizer NÃO aos medos. É de uma luta ideológica que se trata. É preciso e urgente mudar de políticas.

É preciso mostrarmos isso mesmo nas comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, mobilizando muitos outros para que façamos delas grandiosas comemorações, espaços de intervenção e de luta, pela reafirmação do valor do trabalho e pela dignificação das/dos trabalhadores.

Levar muitos outros a participar nas Eleições de 5 de Junho, próximo, para que se afirme um novo rumo para Portugal, e com ele, dizermos SIM, à construção da esperança e da solidariedade junto dos trabalhadores e da população, com especial atenção para as/os jovens.

Nesta linha, continuaremos a trabalhar com afinco, na preparação do próximo Congresso da nossa grande Central Sindical, a realizar-se em Janeiro de 2012.

Dizermos SIM, à unidade na acção em torno do bem comum.

Dizermos SIM, à revitalização do sector produtivo, indústria, agricultura e pescas, bem como dar força ao sector cooperativo.

Há que desmontar/ desconstruir as notícias que passam para o espaço público, isto é, desmontar os jogos de manipulação mediática. Não podemos deixar de passar a mensagem junto de cada um, na acção colectiva e na defesa da Paz e da solidariedade entre povos.

Urge exigir a transparência, a verdade, a coerência, o rigor.

Combater a mentira e a corrupção.

Como funciona a nossa Justiça?

Onde param os Madof’s portugueses?

Há responsáveis pelo défice, pelo endividamento do país ao estrangeiro. Não é tanto pelo peso da dívida pública que Portugal vive a situação presente. É, sim, pelo peso do financiamento dos bancos e da dívida privada. É o peso da política da União Europeia que serve os interesses especulativos em detrimento da solidariedade. 

É preciso que haja ética e qualidade nas lideranças.

Há dias, um Bispo português, falando da problemática que vivemos, referiu que quem cavou isto, foi a fraca qualidade de liderança dos políticos que até agora conduziram este país. 

É tempo de luta e não de medo ou de silêncio.

É tempo de dar continuidade aos objectivos preconizados nas iniciativas realizadas no país: Dia Internacional da Mulher – 8 de Março; Manifestação de 19 de Março; Manifestação da Juventude Trabalhadora de 1 de Abril. Isto é, dar continuidade à luta pela dignidade e pela promoção humana e social das mulheres e homens deste país. 
Deolinda Machado

Caras e caros sindicalistas

Agora quero falar-vos dos jogos de manipulação mediática que precisamos de desmontar. Há um linguista americano, Avram Noam Chmsky, que elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da comunicação social:

1-  A ESTRATÉGIA DA DISTRACÇÃO

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes.

A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir o povo de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área das ciências, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à quinta como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES

Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este tenha a percepção que participou nas medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público exija novas leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, durante anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários baixíssimos, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

 4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é aplicado imediatamente. Segundo, porque o público - a massa –tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá vir a ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia da mudança e de aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

 5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO SE DE CRIANÇAS SE TRATASSEM

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entoação particularmente infantis, muitas vezes próximos da debilidade mental, como se cada espectador fosse uma criança de idade reduzida ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Porquê? "Se você se dirigir a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a dar uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".

 6- UTILIZAR MUITO MAIS O ASPECTO EMOCIONAL DO QUE A REFLEXÃO

Fazer uso do discurso emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e pôr fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para incutir ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

 7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossível de eliminar (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')".

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE

Promover no público a ideia de que é moda o facto de se ser estúpido, vulgar e inculto...

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE

 Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência da sua inteligência, de suas capacidades, ou do seu esforço. Assim, ao invés de revoltar-se contra o sistema económico, o indivíduo autocritica-se e culpabiliza-se, o que gera um estado depressivo, do qual um dos seus efeitos mais comuns, é a inibição da acção. E, sem acção, não há revolução!

 10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM

No decorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente afastamento entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos sobre si próprios.
Avram Noam Chmsky

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