quarta-feira, 31 de agosto de 2011

POESIA - MATIAS JOSÉ

«O Jardim das Delícias Terrenas»
Hieronymus Bocsh

ESPÍRITO

Para lá desse recanto do nosso jardim florido
Uma alma renasce das entranhas profundas...
Do ser imaginário de esperança colorido,
Onde o Espírito desperta em noites oriundas!

No azul do céu infinito
Estará a estrela que vem contigo!!

Matias José

POESIA - THÉOPHILE GAUTIER

Pierre Jules Théophile Gautier, nascido em Tarbes a 31 de Agosto de 1811, foi um escritor, poeta, jornalista e crítico literário francês. Como poeta iniciou-se no romantismo, mas cedo rompeu com esse estilo. Os seus melhores trabalhos, muito apreciados pela crítica da época, fazem parte da escola parnasiana da qual foi um dos principais percursores. São eles «Espanha» e «Viagem a Espanha», ambos editados em 1945. Gautier faleceu em Paris, a 23 de Outubro de 1872.
Poet'anarquista
Théophil Gautier
 Poeta Francês

BREVE BIOGRAFIA

Théophile Gautier nasceu em Tarbes (França), em 1811. Ainda criança, foi para Paris, onde estudou e iniciu o seu caminho na literatura.

Recebeu apoio do escritor Gerárd de Nerval, que o introduziu no círculo dos românticos. Em 1830, projectou o seu nome após uma defesa da peça “Hernani”, de Victor Hugo.

No mesmo ano, lançou «Poésies Tempranas» e dois anos depois «Albertus», considerado o seu grande poema romântico. 

Mas a relação com os românticos não durou muito. Em 1833, Gautier ridicularizou os formadores dessa escola numa obra chamada «Les Jeunes-France». Depois disso, em 1835, publicou o romance «Mademoiselle de Maupin», que é a sua novela mais conhecida.

Afastado dos românticos, Gautier tornou-se o precursor da escola Parnasiana na poesia francesa. Lançou dois livros de poemas que são aclamados pela crítica como os seus melhores trabalhos. Os livros chamam-se «España» e «Voyage em Espagne», ambos lançados em 1845 e inspirados numa viagem que o poeta fez à Espanha.

Não apenas ligado ao mundo da poesia e para sobreviver, Gautier trabalhou como jornalista nas revistas «La Revue» e «L'Artiste». Lançou outro livro em 1852, «Émaux et Camées», que influenciou vários poetas parnasianos. 

Gautier faleceu em Paris, em 1872.
Fonte: Pensador.Info
AFINIDADADES SECRETAS
(Tradução de Érico Nogueira)

Sobre o frontão de um templo antigo,
dois blocos de mármore, olhando
o azul-anil do céu castiço,
esculpiram um sonho branco;

incrustadas no mesmo nácar,
depois que Vênus lá chorou,
duas pérolas segredaram
e o fundo do mar escutou;

por um jardim do verde Líbano,
irisada de gotas d'água,
a rosa não disse aos espinhos
o que eles não disseram à rosa;

sobre as cúpulas de Veneza,
dois pássaros brancos pousaram,
os mesmos que amor, com destreza,
deixou num tronco eternizados.

Mármor, pérola, rosa, ave,
tudo se vai, tudo se move;
funde a pérola, o mármor cai,
a rosa murcha, a ave foge.

Cada parcela, ao ir-se embora,
deságua no magma extremo
onde Deus bate na bigorna
a forma de tudo, e o desenho.

É mui lenta a metamorfose
do mármor branco em branca face,
da rosa em lábios cor-de-rosa,
do canto alado em verso táctil.

É o canto que reaparece
no coração de dois amantes,
e a perla que agora umedece
na boca de riso brilhante.

Daí nascem as simpatias
à doçura irrenunciável
que faz uma alma baldia
rever-se na cara metade.

Cedendo ao apelo do olfato,
à visão do brilho, ou da cor,
voa o átomo para o átomo,
como a abelha para a flor.

Ah, a memória dos devaneios
sob o frontão ou sobre o mar,
de frases partidas ao meio,
junto da fonte, à luz do luar,

de beijos e de asas que batem
em cúpulas de ouro puro,
e de moléculas que ardem,
e vão-se buscando no escuro.

Desperta o amor estiolado,
o que passou passa de novo,
rebenta a rosa sobre o lábio,
um olho pousa em outro olho.

Sobre o nácar, ou num sorriso,
a perla revê sua brancura;
num rosto delicado, liso,
o mármor o amor emoldura.

A voz da ave enfim ressoa,
eco abafado de um gemido,
todo obstáculo esboroa,
e o estranho se torna em amigo.

Ó tu, por quem eu ardo e passo,
que fonte, frontão ou roseira,
que cúpula viu nosso abraço,
perla ou mármor, flor ou abelha?

Théophile Gautier

PINTURA - GEORGES BRAQUE

O pintor e escultor francês Georges Braque nasceu em Argenteuil, a 13 de Maio de 1882. A sua obra inicial de cores genuínas e formas simples, integrada no fauvismo, foi pela primeira vez exposta em Paris no ano de 1906. Mais tarde, Braque conheceu o pintor Picasso e ambos fundaram o cubismo. Pinturas de naturezas-mortas e figurativas, integradas no novo conceito cubista, passaram a fazer parte da sua criação artística. Em 1915 foi agraciado com a «Cruz de Guerra e da Legião de Honra Francesas». Georges Braque faleceu em Paris, a 31 de Agosto de 1963.
Poet'anarquista
Georges Braque
Pintor Francês

Auto-Retrato
Georges Braque

BIOGRAFIA

Assim Braque definiu seu trabalho: «Amo a regra que corrige a emoção. Amo a emoção que corrige a regra». Junto com Pablo Picasso inventaram o cubismo, revolucionando a pintura.

Georges Braque era filho e neto de pintores. Foi criado em Le Havre e, ali, estudou na École des Beaux-Arts de 1897 a 1899. Mudou-se para Paris e estudou com um mestre decorador em 1901.

O seu estilo inicial era impressionista. Entre 1902 e 1904, foi aluno da Academie Humbert, também em Paris. Lá, fez amizade com Marie Laurencin e Francis Picabia. Em 1907, depois de alguns meses em Antuérpia, participou de uma exposição do Salão dos Independentes (Paris), apresentando obras mais próximas do fauvismo.

Fez a sua primeira exposição individual em 1908. No ano seguinte, trabalhou com Picasso no desenvolvimento do cubismo.

Em 1911, casou-se com Marcelle Lapré. Em 1912, Braque e Picasso começaram a incorporar nas suas pinturas a técnica da colagem. A parceria duraria até 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial e Braque, convocado, partiu para a frente de batalha. Em 1915, foi ferido em combate.

Após a guerra, a obra de Braque foi adquirindo liberdade, tornando-se menos esquemática. Em 1922, expôs no Salão de Outono (Paris), o que lhe rendeu fama. Fez ainda a cenografia para dois balés de Sergei Diaghilev.

Em 1925, mandou construir uma casa, chamando o arquiteto Auguste Perret (o mesmo do teatro dos Champs-Élysées). No fim da década, a sua obra foi ficando mais realista.

Em 1930, comprou casa de campo em Varengeville, na Normandia, onde passou a morar boa parte do tempo, usando seu ateliê de pintura e escultura. Em 1931, elaborou as primeiras gravuras e começou a utilizar motivos mitológicos. A sua pintura tornou-se então mais lírica.

Em 1933, Braque realizou a primeira retrospectiva de peso, num museu de Basileia (Suíça). Quatro anos depois, ganhou o primeiro prémio na mostra Carnegie International, em Pittsburgh (EUA).

Durante a Segunda Guerra Mundial, recolheu a Varengeville e trabalhou com litogravura, gravura em metal e escultura.

A partir do fim da década de 1940, pintou pássaros e paisagens marinhas. Em 1954, desenhou os vitrais da igreja de Varengeville e, em 1958, participou da Bienal de Veneza, que lhe dedicou uma sala especial.

Nos últimos anos de vida, mesmo com problemas de saúde, Georges Braque continuou actuante, dedicando-se à pintura, à litografia e à joalheria.
Fonte: UOL EDUCAÇÃO

«O Porto de Antuérpia»
Georges Braque

«Estaque»
Georges Braque

«Navio no Porto»
Georges Braque

«Mulher tocando Bandolim»
Georges Braque

«Os Músicos»
Georges Braque

«Cabeça de Mulher»
Georges Braque

«Hércules»
Georges Braque

«IMPRESSIONISMO, FAUVISMO E CUBISMO»
GEORGES BRAQUE

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 31 de Agosto...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

PINTURA versus QUADRA

«A Noite Estrelada»
Vincent van Gogh

ÁTOMOS DO COSMOS

Somos simplesmente átomos do cosmos,
Pequenas partículas num espaço infinito…
Eis pois, caros amigos, tudo o que somos,
Que já não é pouco no meio de tudo isto!

Matias José

CARTOON versus QUADRA

«El Rei Dom Cardoso»
HenriCartoon

«EL REI DOM CARDOSO»

Apareceu do nada o grande artilheiro,
Um injustiçado, vá-se lá saber porquê?...
Regressou na Choupana com nevoeiro
El Rei Dom Cardoso que mais ninguém vê!

POETA

FESTAS DE SETEMBRO EM ALANDROAL

«Festival da Juventude e Festas em Honra de Nossa Senhora da Conceição»
Programa das Festas

FESTAS DE SETEMBRO EM ALANDROAL

É já amanhã, dia 31 de Agosto de 2011, que a animação volta ao Alandroal, com a realização de mais uma edição do Festival da Juventude e das tradicionais Festas em Honra de Nossa Senhora da Conceição. 

Até ao próximo dia 5 de Setembro, segunda-feira, terá ao seu dispor várias actividades culturais, desportivas e lúdicas. Garraiadas e largadas, concertos, bailes tradicionais, apresentações desportivas, exposições e animação nocturna, com alguns dos melhores DJ’s da actualidade. 

Além disso poderá ainda visitar os stands de artesanato e gastronomia, ou deliciar-se com um petisco nas tasquinhas das associações do concelho. Motivos de interesse para que passe momentos repletos de animação e alegria não vão faltar. Participa na festa!
Fonte: Gabinete de Imprensa da C.M.Alandroal

Organização: Câmara Municipal de Alandroal
Vila d'Landroal

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 30 de Agosto...

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PINTURA - DOMINIQUE INGRES

O pintor e desenhista francês Jean-Auguste Dominique Ingres, ou simplesmente Ingris, nasceu em Montauban a 29 de Agosto de 1780. A sua obra situa-se na transição do neoclassicismo para o romantismo, e foi considerado um dos mais importantes nomes da pintura do séc. XIX. Dominique Ingris faleceu em Paris, a 14 de Janeiro de 1867.
Poet'anarquista
Auto-Retrato por Dominique Ingris
Pintor Francês
BIOGRAFIA
Após um período de aprendizagem em Toulouse, Jean Auguste Dominique Ingres foi para Paris, estudar com Jacques-Louis David, onde se tornou um artista isolado, que preferia os temas gregos aos romanos. Ali pintou, em 1801, «Os Emissários de Agamenon», que lhe valeu o Prémio Roma.

Retratista infatigável, inicialmente mais por necessidade do que por gosto, durante toda a sua vida dedicou-se a pintar principalmente a figura feminina. 

Na Itália entre 1806 e 1834, continuou a pintar retratos: em 1807, «Madame Devaucay», além de numerosos esboços a lápis, notáveis pela habilidade e beleza. Faz, nesse período, a sua primeira incursão na pintura mitológica: «Édipo e a Esfinge».

Em Florença, descobre Rafael e o «Quattrocento» italiano. Pinta, então, «Paolo e Francesca» e, atraído pelos temas gregos, «Júpiter e Thétis», além de numerosos retratos de Napoleão e alegorias napoleónicas.

Em 1824 regressa a Paris, onde pinta, por encomenda do Estado, «O voto de Luís XIII», cujo sucesso o convence a ficar na França. É nomeado professor da Escola de Belas Artes e abre um ateliê, com numerosos alunos. Em 1827, pinta, para o Museu do Louvre, «A apoteose de Homero». 

Em 1834, depois de receber ataques da crítica, parte para a Itália, aceitando o posto de diretor da Academia de França em Roma, onde, de 1835 a 1840, formou numerosos seguidores em sua doutrina: dar ênfase ao desenho; usar a cor como acessório da pintura, e não como elemento igual ao desenho; acrescentar a lição dos grandes mestres à inventiva de cada um; preservar a pureza da visão; acentuar linhas e contornos.

Em 1841, de volta a Paris, executou o «Retrato do Duque de Orleans» e, para o duque de Luvnes, o grande mural «A Idade de Ouro», no castelo de Dampierre.

Nas décadas de 1840 e 1850 produziu numerosos retratos, e nunca deixou de pintar os admiráveis nus femininos cujo sensualismo e lirismo o classificam como romântico. Entre eles, «A fonte», de 1856, um dos seus quadros mais famosos. Pouco antes de sua morte, pinta «Banho turco», hoje no Louvre.

A fascinante galeria de retratos que deixou constitui um testemunho valioso da sociedade burguesa do seu tempo, do espírito e dos costumes dessa classe social a que ele pertencia.

Ingres também estudou música, disciplina na qual se destacou. Durante certo tempo, foi o segundo violinista da Orquestra do Capitólio, em Toulouse. Desse hobby  é que se origina a expressão francesa violon d'Ingres, que significa praticar uma outra arte, além da sua própria, ou actividade artística exercida fora de uma profissão qualquer. 

Ingres foi o maior desenhista da sua época. Em vida, foi combatido por Delacroix e pelos românticos. Depois, acabou praticamente desprezado pela crítica. Mas a sua enorme influência estende-se a Degas e numerosos outros artistas, como Picasso, que usou, em muitos dos seus quadros, referências ao estilo e aos temas de Ingres. Como retratista, a sua genialidade é incontestável. 
Fonte: UOL EDUCAÇÃO
«Apoteose de Homero»
Ingris

«Capela Sistina»
Ingris

«Ilusão Contemporânea»
Ingris

«Morte de Leonardo da Vinci»
Ingris

«Grande Odalisca»
Ingris

«Odalisca com Escrava»
Ingris

«Joana d'Arc»
Ingris

«DO NEOCLASSICISMO AO ROMANTISMO»

DOMINIQUE INGRIS

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 29 de Agosto...

domingo, 28 de agosto de 2011

O ASSASSINATO DE EMMETT TILL

Tudo aconteceu a 28 de Agosto de 1955. Emmett Louis Till, menino afro-americano com apenas 14 anos de idade, foi brutalmente assassinado em Money, no Mississipi, por alegadamente ter tido a ousadia de assobiar a uma mulher branca com 21 anos de idade. Esse trágico acontecimento inspirou o músico Bob Dylan para compor a letra e música «The Death of Emmett Till», ou «A Morte de Emmett Till». É com ele que vos deixo...
Poet'anarquista
«A MORTE DE EMMETT TILL»

BOB DYLAN

A MORTE DE EMMETT TILL

Foi no Mississippi não há muito tempo,
Quando um menino da cidade de Chicago entrou através da Porta sul.

Tragédia terrível do menino, ainda me lembro bem,
A cor de sua pele era negra e seu nome era Emmett Till.

Alguns homens o arrastaram até um estábulo e lá eles o espancaram.
Eles disseram que tinha uma razão, mas ele disse nada se lembrar.

Eles torturaram e fizeram algumas coisas muito más e repetiram.
Houve sons de gritos dentro do celeiro, havia ruídos de sons na rua.

Em seguida, rolaram o seu corpo para um abismo entre uma chuva vermelha de sangue
E eles o  jogaram nas águas para cessar o seu grito de dor.

Eles o mataram lá, e eu tenho certeza que não é nenhuma mentira,
Ele era um menino de pele negra, assim ele nasceu para morrer.

E depois de gritarem por um julgamento nos Estados Unidos,
Dois irmãos confessaram que haviam matado o pobre Emmett Till.

Mas no júri havia homens que ajudaram os irmãos a cometer esse crime horrível,
E por isso este julgamento foi uma farsa, mas ninguém parecia se importar.

Eu vi os jornais da manhã, mas eu não podia suportar ver
Os irmãos sorrindo e andando pelas escadas do tribunal.

O júri considerou-os inocentes e os irmãos ficaram livres,
Enquanto o corpo de Emmett flutua na espuma de Jim Crow no mar do sul.

Se você não pode falar contra esse tipo de coisa, um crime que é tão injusto,
Seus olhos estão cheios de sujeira de mortos, sua mente cheia de poeira.

Seus braços e pernas devem estar em grilhões e correntes, e seu sangue deve recusar a fluir,
Para você deixar esta raça humana cair tão baixo, Deus terrível!

Essa música é apenas para lembrar os seus companheiros
Que esse tipo de coisa ainda vive hoje vestida de  Ku Klux Klan.

Mas se todos os povos pensassem da mesma forma que nós
Poderíamos fazer desta terra um grande e melhor lugar para viver.

Bob Dylan

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 28 de Agosto...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CARTOON versus QUADRAS

«Adopção Gay»
HenriCartoon

ADOPÇÃO GAY

-Então és tu que me vais adoptar?
Sou eu sim, meu pequenininho…
-E a mamã, quando vai chegar??
Vem agora chegando queridinho…

Esta mamã é algo esquisitinha (?)
Não sei onde a foste desencantar...
Pra isso, bem que me estou a lixar,
Mas não tratem mal esta criancinha!

POETA

LITERATURA - JÚLIO CORTÁZAR

Escritor argentino, nascido na embaixada argentina em Ixelles, distrito de Bruxelas, a 26 de Agosto de 1914, e mais tarde cidadão francês radicado em Paris, onde veio a falecer vítima de leucemia, a 12 de Fevereiro de 1984. Aconselho vivamente a leitura do seu livro, «A Volta ao Dia em Oitenta Mundos», por se tratar de uma obra de literatura total.
Poet'anarquista
Júlio Cortázar
Escritor Argentino

BREVES APONTAMENTOS

Autor belga nascido em Bruxelas, cuja obra explorou as fronteiras entre realidade e não realidade, foi apontada pela crítica como uma das mais representativas da ficção fantástica de nosso tempo.

Iniciou a vida como professor secundário em Buenos Aires e depois recusou uma cátedra universitária, por se opor ao regime peronista.

Contratado como tradutor pela UNESCO (1952), radicou-se em Paris e tornou-se cidadão francês (1982).

Estreou na literatura com o poema dramático «Los reyes» (1949) seguido do seu primeiro livro de contos, «Bestiário» (1951).

Morreu em Paris e o seu último livro «Les Autonautes de la Cosmoroute» (1982), um livro de viagens, foi escrito em colaboração com a sua companheira Carol Dunlop.

Outros livros importantes foram o livro de contos «Final del Juego» (1956), «Los Premios« (1958), o seu primeiro romance, «Las Armas Secretas» (1960), o romance «Rayuela» (1960), o livro de crónicas «Historias de Cronopios y de Famas» (1962) e a colectânea de contos «Todos los Fuegos, el Fuego» (1966), o romance «62. Modelo para Armar» (1968), o romance «Libro de Manuel» (1973) e os livros de contos «Octaedro» (1974) e «Alguien que anda por ahí» (1977).
Fonte: NetSaber

«A Volta ao Dia em Oitenta Mundos»
Júlio Cortázar
Último Round – Tomo I (pág. 7)

SÍLABA VIVA

Mexe e remexe, está aí por mais que não queiram
está na noitche, está no leitche,
em cada cheiro em cada tchau em cada peixe
está, se soltarem os cachorros ainda assim estará
e mesmo que o fechem, ou esculachem com deboche,
e ele estará com quem lutche e quem espiche
e naquele que levanta e arrematche
ele estará, que diabo.
Júlio Cortázar

PIETÀ DE MICHELANGELO

Foi no ano de 1498, a 26 de Agosto, que Michelangelo aceitou a encomenda para fazer «Pietà» (em português Piedade). Tinha apenas 23 anos quando esculpiu em mármore esta obra notável, representando Jesus morto nos braços da Virgem Maria. Para os que duvidavam da sua capacidade para realizar «Pietà», Michelangelo colocou o seu nome na fita que atravessa o peito da Virgem Maria, única assinatura que se lhe conhece. Pode ler-se: MICHAEL ANGELUS. BONAROTUS. FLORENT. FACIABA(T), ou seja, «Miguel Angelo Buonarotus de Florença fez». A imagem encontra-se na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A genialidade do artista está à vista!
Poet'anarquista
«Pietà»
 Michelangelo

«PIETÀ»

MICHELANGELO

«CONTOS DO NASCER DA TERRA»

Mia Couto
Escritor Moçambicano

XXVI CONTO - «O indiano dos ovos de ouro»

«A Galinha dos Ovos de Ouro»
António Quadros

O INDIANO DOS OVOS DE OURO

- «Lá vem Abdalah, o monhé da Muchatazina».
Sabia-se que era ele, o próprio, pelo tilintar que saía do cuecão dele. Diziam que o gajo tinha ouro dentro dos tomates. Me desculpem a descortesia da palavra. Dizem, quem pode jurar? Os boatos viajam à velocidade do escuro. Façamos o gosto à voz: aceitemos que o monho tinha a tomatada recheada. Suponhamos que os ditos dele pesavam uns quilates. Se acredito, eu? Sei lá. Minha crença é um pássaro. Sou crente só em chuva que caie esvai sem deixar prova.
Aceitei assim perseguir essa estória do Abdalah. Sou metido em alheiação, gosto do dito e do não dito. Me deram o caso para que lhe desvendasse os acasos. Cada crime mortífero esconde quantas vidas?
Sempre que há sangue as versões correm, em inventanias. O povo fabricou as mais múltiplas explicações. O monhé, sabendo da revolução, tinha transferido sua riqueza para os orgãos. Melhor banco que aquele? Outra versão: tinha sido feitiço. Suspeitas maiores inclinavam em Sarifa Daúdo. Ela, com certeza. Mulher estranha, fechada em duas paredes, ela era origem da desformidade do indiano.
Me aconselharam começar por Sarifa, com quem o fulano tinha estreado amores. Sarifa era sua primeira prima, a quem ele deitou olho de mel. Dizem que primeiro namorisco vem sempre de primo e prima. Também eu rimei com elas, também as primas me deram primazias.
Me endereço a casa da moça. Continua solteira, é uma dor ver tal beleza sem prova nem proveito. Acompanho seus magros gestos, servindo o chá com que me anfitriou. Em certas mulheres nos encanta a concha, noutras o mar. Sarifa se tinha desmulherado, ela retirara o gosto do gesto. Agora, nem concha, nem mar.
Lhe peço, enfim, que fale de Abdalah. Agora, até seus olhos se vazam, negras espirais se enrolando em búzios. Mas a lembrança lá veio, chegada em vozícula quase insonora. Afinal, o namoro correra às maravilhas. O amor é como a vida: começa antes de ter iniciado. Mas o que é bom tem pressa de terminar. Sombra eterna só dentro do caracol. A moça era conflituosa, uma escaramoça? Nem por isso, ela tinha grandes habilidades de silêncio. O nó gordo estava nele, o Abdalah.
- «Mas porquê, Sarifa? Qual  o motivo dele se desmotivar?»
Ela corrigiu uma lágrima no convexo da mão. O indiano batia-lhe? Lombava-a? Não, pelo menos não aparentava violências. Homem que morde não ladra? O senhor é capaz de encostar sofrimento em mulher?
- «Vou perguntar de novos modos: o senhor já amou uma mulher, com paixão de verdade e jura?»
Não me saiu nenhuma voz. Eu vinha ali despachar pergunta. Posto perante o espelho de uma interrogação me sentia como o lagarto que acha que os outros bichos é que são animais. Já à saída ainda escutei:
- «Foi tudo por causa do dinheiro».
Desfiz um passo atrás. Mas ela não voltou a falar. Lavava as chávenas com espantável lentidão. Suas mãos acariciavam o vidro por onde eu havia bebido. Senti como se ela me tocasse os lábios e me retirei nesse embalo de ilusão.
Me dirigi para casa, sem vontade de caminho. Demorei em coisas nenhumas. 
Nisto, uma estrelícia, simples flor, me deflagra os olhos. O vendedor me cativa a atenção, agitando a crista laranja da flor. Comprar? Para quê, para quem? Mas, sem saber, inexplicável, eu desbolso dinheiros. As mãos se ridicularizam com a intransitiva flor. Chego a casa e a flor se extravaganta ainda mais. Nunca eu tinha encenado flor em jarra.
Sentado, frente a uma cerveja deixo entrar em mim a voz: preciso é de mulher. Necessito de um acontecimento de nascência, uma lucinação. Careço de um lugar para esperar, sem tempo, sem mim. Devia haver um feminino para ombro. Porque ombra era o nome único que merecia o encosto daquela mulher.
Manhã seguinte, regressei a casa de Sarifa movido não sei se por gosto de a rever se por obrigação de profissão. A mulher nem levantou cabeça: assim, olhos no chão me revelou sobre Abdalah. O homem só fazia amor, depois de espalhar por debaixo dos lençóis uma matilha de notas. Às vezes, eram meticais, outras randes. Só lhe vinham as quenturas quando, previamente, cumpria este ritual. Se deitava de costas, as mãos a acariciar o lençol, os olhos cifrando-se no infinito. Sarifa ficava com sentimento de que ela não existia. Com a desvalorização da moeda o ardor dele variava. Às vezes, demorava a ser homem, másculo e maiúsculo.
Uma noite, porém, não conseguiu. Começou-se a enervar. Levantou os lençóis, inspeccionou as notas. Lhe nasceu, então, a lancinante suspeita: as notas eram falsas. Alguém havia retirado as verdadeiras para, em seu lugar, espalhar imitações.
- «Sarifa, foi você?»
A prima, ao princípio, nem entendeu. Um murro carregado de raiva lhe enegreceu as vistas e aclarou o pensamento: havia suspeita sobre os dinheiros. O indiano bateu, rebateu. Sarifa ficou estendida. Vaziando sangue. Quem a apanhou no chão foi o tio Banzé, homem dado a espiritações. Refez a sobrinha, passou-lhe uma demão nas mazelas e correu a engasganar o indiano. «Você foi longe e de mais, meu velho. Você mistura amor e cifrão?» Lhe espetou o indicador na costela e ameaçou:
- «Pois eu lhe vou seguir os sonhos para ver o que vai sair deles!»
O desafio era o seguinte: tio Banzé iria visitar os próximos sonhos do indiano, nas dez seguintes noites. Caso dinheiro somasse mais que mulher então uma maldição recairia sobre Abdalah.
- «De Abdalah te transformo em abadalado!»
Não chegou a haver dez noites. Na sétima já o indiano sofria de um peso extra no baixo do ventre. O homem nunca mais visitou Sarifa, nunca mais amou nenhuma mulher. E agora, que ele perdeu acesso a namoros, seus sonhos se destinam unicamente em mulheres. O ouro lhe entrou nos ditos, a mulher lhe saiu dos devaneios. A punição do sonho é aquela que mais dói. Pergunte-se a Abdalah, o indiano dos ovos de ouro.

                                               Mia Couto
Até prá semana...
Poet'anarquista


HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 26 de Agosto...

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

POESIA - MATIAS JOSÉ

«Cativo»
Dvoerzky

DESCONTENTAMENTO

Nada do que escrevo me interessa?...
São palavras num tempo perdido,
Se alguma coisa em mim tem pressa...
Terá pressa quando eu tiver morrido!

Do que fui ou sou, não sei…
Para onde vou nem quero crer,
À vida de mim nada dei…
Fui fluindo sem o saber.

E à força de traçar um destino
Num lugar sem tempo ou espaço,
Soa sempre o mesmo sino
Marcando as horas a compasso!

Matias José 

CARTOON versus QUADRAS

«Senhor Rico, Arranja-me Uns Trocos Para A Crise?»
HenriCartoon

«SENHOR RICO, ARRANJA-ME UNS TROCOS PARA A CRISE?»

-Senhor rico, uns trocados davam jeito,
Não se arranja um pequeno donativo?
-Como diz?... Não ouço nada por defeito,
Que crise o maldito aparelho auditivo!

-Sei de um aparelho... e gratuitamente,
Resolve todos os problemas de audição…
-Milagre!... Agora ouvi-o perfeitamente,
Alguém nesta crise encontrou a solução!

-Repito: e uns trocos para aliviar a crise,
Não seria para todos muito melhor?
-Como?... Estou novamente a ouvir pior,
Quando arranjar o aparelho… avise!

POETA

HISTÓRIAS DESTE DIA

Aconteceu a 25 de Agosto...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SÉTIMA ARTE - 2ª EDIÇÃO

Na próxima quinta-feira, dia 25 de Agosto de 2011 às 22:00 horas, na Praça da República, Jardim das Meninas em Alandroal, última sessão de cinema da 2ª edição da sétima arte ao ar livre, com a película «Rio». Um filme musical e de comédia a não perder, produzido pela «20th Century Fox» e a «Blue Sky Studios». Voltamos a encontrar-nos na 3ª edição da sétima arte em 2012!
Poet'anarquista
«Rio»
2th Century Fox e Blue Sky Studios
Sinopse do filme
Rio é uma animação da Fox, dirigido por Carlos Saldanha (O Carioca que dirigiu Era do Gelo e outros tantos). Pois bem, Rio conta a história de Blu, uma arara azul, vítima da  Bio-Pirataria do Brasil. Quando era apenas um filhote, Blu foi capturado e derrubado, por acidente, em Minnesota, Estados Unidos. Linda, na época apenas uma garotinha, o acha e decide cuidar dele. Eles viram os melhores amigos e Linda cresce para se tornar dona de uma biblioteca. Blu, é o típico animal de estimação mimado, e como foi acolhido pela menina desde pequena, não aprendeu a voar.

Quinze anos depois de Blu aparecer na porta de Linda, Túlio, um cientista carioca, aparece em busca da Arara. Blu é o último macho da espécie, e Túlio tem, engaiolada, a última fêmea da espécie, Jade. Então Túlio requisita, encarecidamente, que Linda vá para o Rio com Blu, a fim de reproduzir os dois e dar uma chance para a espécie. Depois de muito pensar, Linda decide ir para o Brasil com Blu.

«RIO»

DIRECÇÃO DE CARLOS SALDANHA