sábado, 4 de fevereiro de 2012

POESIA - JACQUES PRÉVERT

O poeta e roteirista francês Jacques Prévert, nasceu em Neuilly-sur-Seine, a 4 de Fevereiro de 1900. Grande poeta popular, graças a uma linguagem muito familiar, Prévert ficou conhecido pelo seu sentido de humor, hinos à liberdade e jogos de palavras. Os seus poemas são estudados nas escolas francesas em todo o mundo. O poeta faleceu em Omonville-la-Petit, a 11 de Abril de 1977.
Poet'anarquista
Jacques Prévert
Poeta Francês
BREVE NOTA

Jacques Prévert nasceu em Neuilly-sur-Seine (França), em 1900. 

Participou do movimento surrealista, em 1925, juntamente com Marcel Duhamel, Raymond Queneau e Yves Tanguy. Mas o poeta não se prendia a um só estilo.

Roteirista, Jacques escreveu vários filmes, que foram realizados entre 1935-1945. São eles: Drôle de Drame, Le Quai des Brumes, Hotel du Nord, Le Jour se Lève, Les Enfants du Paradis de Marcel Carné. Todos esses filmes são considerados obras-primas do realismo poético francês. 

Além disso, os poemas escritos por Jacques são transformados em música, por Joseph Kosma, como a famosa «Les Feuilles Mortes».

Em 1946, publicou a sua primeira colectânea de poesias, «Paroles», que alcançou enorme sucesso. Com isso, Jacques passa a ser reconhecido e os seus poemas passam a ser estudados em várias escolas francesas.

O seu estilo é marcado por uma linguagem familiar, senso de humor e jogo de palavras. Jacques ironiza os usos e costumes frequentemente nos seus escritos, assim como o clero e a igreja.

Jacques Prévert faleceu aos 77 anos, de cancro do pulmão.
Fonte: Pensador. UOL

AS FOLHAS MORTAS

Oh !... Gostaria tanto que te lembrasses
Dos dias felizes da nossa amizade,
Nesse tempo, a vida era mais bela
E  o sol mais brilhante do que hoje.
As folhas mortas à pá se recolhem,
Bem vês que eu não esqueci.
As folhas mortas à pá se recolhem,
Assim como as lembranças e as mágoas,
E leva-as o vento norte
Na noite fria do esquecimento.
Bem vês que eu não esqueci
Aquela canção que me cantavas…
É uma canção connosco parecida,
Tu, que me amavas, eu que te amava.
Os dois juntos vivíamos
Tu que me amavas, eu que te amava.
Mas a vida separa aqueles que se amam,
Muito devagarinho, silenciosamente
E o mar apaga na areia
Os passos dos amantes separados.
Os dois juntos vivíamos,
Tu que me amavas, eu que te amava.
Mas a vida separa aqueles que se amam,
Muito devagarinho, silenciosamente.
E o mar apaga na areia
Os passos dos amantes separados…

Jacques Prévert

FAMILIAR

A mãe faz tricô
O filho vai à guerra
Tudo muito natural acha a mãe
E o pai que faz o pai?
Negocia
A mulher faz tricô
O filho luta na guerra
Ele negocia
Tudo muito natural acha o pai
E o filho e o filho
o quê que o filho acha?
Nada absolutamente nada acha o filho
O filho sua mãe faz tricô seu pai negocia ele
                                      [ luta na guerra
Quando tiver terminado a guerra
Negociará com o pai
A guerra continua a mãe continua ela tricota
O pai continua ele negocia
O filho foi morto ele não continua mais
O pai e a mãe vão ao cemitério
Tudo muito natural acham o pai e a mãe
A vida continua a vida com o tricô a guerra
                                      [ os negócios
Os negócios a guerra o tricô a guerra
Os negócios os negócios e os negócios
A vida com o cemitério.

Jacques Prévert

E DEUS EXPULSOU ADÃO…

E Deus expulsou Adão com golpes de cana-de-açúcar
E assim fabricou o primeiro rum na terra

E Adão e Eva cambalearam
pelos vinhedos do Senhor
a Santíssima Trindade os encurralava
mesmo assim continuaram cantando
com voz infantil de tabuada
Deus e Deus quatro
Deus e Deus quatro
E a Santíssima Trindade chorava…
Por cima do triângulo isóscele e sagrado
um biângulo isopicante brilhava
e eclipsava o outro.

Jacques Prévert

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