terça-feira, 28 de maio de 2013

DOIS POEMAS DE CRAVEIRINHA

A 28 de Maio de 1922 nasce o poeta moçambicano José Craveirinha, já com várias referências no Poet'anarquista. Foi-lhe atribuído, em 1991, o Prémio Camões. Da sua obra destacam-se «Xigubo» de 1964, «Cântico a um Dio de Catrane» de 1966, «Karingana Ua Karingana - Era uma vez» de 1974, «Cela 1» de 1980, «Maria» de 1988 e Haminas de 1997. «Cantiga do Batelão» e «África» são os dois poemas que hoje se publicam em homenagem ao grande poeta moçambicano. Boas leituras!
Poet'anarquista
José Craveirinha
Poeta Moçambicano

CANTIGA DO BATELÃO

Se me visses morrer 
os milhões de vezes que nasci 

Se me visses chorar 
os milhões de vezes que te riste... 

Se me visses gritar 
os milhões de vezes que me calei... 

Se me visses cantar 
os milhões de vezes que morri
e sangrei... 

Digo-te irmão europeu
havias de nascer 
havias de chorar 
havias de cantar havias de gritar  

E havias de sofrer 
a sangrar vivo
milhões de mortes como Eu!!!

Craveirinha

ÁFRICA

A sombra
exige-me um silêncio
meio repleto de sonhos. 

E o amor 
sentido é o pressentimento
que vai do sentir ao ser.
Mas absurda
a realidade
fantástica
é um pontapé acordado.

E se perscruto a noite
a África sai-me gritando.

Craveirinha

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