segunda-feira, 14 de outubro de 2013

PINTURA versus POESIA - E. E. CUMMINGS

O poeta, pintor, ensaísta e dramaturgo americano Edward Estlin Cummings, abreviando e. e. cummings em minúsculas como o autor assinava e publicava, nasceu em Cambridge, Massachusetts, a 14 de Outubro de 1894. Mas foi a escrita poética o seu elo mais forte, tendo sido considerado um dos principais inovadores da linguagem da poesia e da literatura do séc. XX.  E. E. Cummings faleceu em North Conway, Nova Hampshire, a 3 de Setembro de 1962.
Poet’anarquista
E. E. Cummings
Poeta e Pintor Norte-Americano

«Auto-Retrato»
E. E. Cummings
SOBRE O ARTISTA…

Nasceu em 14/10/1894, em Massachussets, EUA. Poeta, pintor, ensaísta e dramaturgo, escrevia de um modo não convencional para os padrões da época. Os seus poemas não incluem o uso das letras maiúsculas e não usa maiúsculas nem mesmo no seu nome. Quanto a pontuação, também, era incomum. Sem motivo e de forma aparentemente errónea, é capaz de interromper uma frase, ou mesmo palavras individualmente. Muitos dos seus poemas possuem uma distribuição não convencional, aparentando pouco ou nenhum sentido até serem lidos em voz alta. Apesar da afinidade por estilos “avant garde”, muito do seu trabalho é tradicional, apresentando, por exemplo, formato de soneto. Os seus temas com frequência são o amor e a natureza e o relacionamento do indivíduo com as massas e o mundo.

O seu primeiro livro de poemas - Tulips and Chimneys- saiu em 1923 e a sua primeira peça - Him - estreou em 1928. Pertence à estirpe dos inventores da poesia moderna, ao rol daqueles poucos que realmente transformaram a linguagem poética do nosso tempo.

Abominado por críticos e poetas conservadores, mereceu, em contrapartida, a admiração de escritores do porte de Marianne Moore, William Carlos William, John dos Passos e Ezra Pound.

Escreveu mais de 900 poemas, duas novelas, diversos ensaios e inúmeros sketches e pinturas. Publicou uns 10 volumes de poesia: No thanks (1935); 95 Poems (1958); Collected poems (1938); 1x1 (1944); Xaipe (1950); 73 Poems (1963) entre outros.

No Brasil tem sido apreciado, especialmente, por Augusto de Campos, que traduziu e publicou Poem(a)S (Francisco Alves, 1999), uma coletânea com 62 poemas.
Fonte: www.tirodeletra.com.br/biografia/e.e.cummings.htm

«Fantástico Pôr do Sol»
E. E. Cummings

NALGUM LUGAR EM QUE NUNCA ESTIVE

nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram, 
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto 

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa 

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente, 
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte; 

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes, 
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira 

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas!

E. E. Cummings

«Quarta Abstracção Dimensional»
E. E. Cummings

MERGULHA NOS SONHOS

mergulha nos sonhos 
ou um lema pode ser teu aluimento 
(as árvores são as suas raízes 
e o vento é o vento) 

confia no teu coração 
se os mares se incendeiam 
(e vive pelo amor 
embora as estrelas para trás andem) 

honra o passado 
mas acolhe o futuro 
(e esgota no bailado 
deste casamento a tua morte) 

não te importes com o mundo 
com quem faz a paz e a guerra 
(pois deus gosta de raparigas 
e do amanhã e da terra) 

E. E. Cummings

«Flores Vermelhas»
E. E. Cummings

O AMOR

à a temporalidade e ao tempo igual,
o amor não tem início nem final:
se nada andar nadar nem respirar
o amor serão o vento a terra e o mar

(amantes sofrem? cada divindade
lhes veste a pele com mortal vaidade:
amantes são felizes? seu querer
cria universos ao menor prazer)

amor é a voz por trás do que se cala,
esperança que o medo não cancela:
força tão forte que nem força abala:
verdade antes do sol e além da estrela

– amantes amam? ora, o tolo e o esperto
que preguem céu e inferno, tudo certo

E. E. Cummings

«Três Figuras na Paisagem»
E. E. Cummings

«Enseada no Mar»
E. E. Cummings

«Figura Solitária e Árvore na Tempestade»
E. E. Cummings

«Paisagem em Dia de Calor»
E. E. Cummings

«Paisagem com Árvore»
E. E. Cummings

«Retrato de Sua Esposa»
E. E. Cummings

«EU LEVO O SEU CORAÇÃO COMIGO»
POEMA DE E. E. CUMMINGS

EU LEVO O SEU CORAÇÃO COMIGO

Eu levo o seu coração comigo
(eu o levo no meu coração)
eu nunca estou sem ele
(a qualquer lugar que eu vá, meu bem,
e o que quer que seja feito por mim somente é o que você faria, minha querida)

tenho medo que a minha sina
(pois tu és a minha sina, minha doçura)
eu não quero nenhum mundo
(pois bonita tu és meu mundo, minha verdade)
e és tu que és o que quer que seja o que a lua signifique
e tu és qualquer coisa que um sol vai sempre cantar

aqui está o mais profundo segredo que ninguém sabe
(aqui é a raiz da raiz e o botão do botão
e o céu do céu de uma árvore chamada vida, que cresce
mais alto do que a alma possa esperar ou a mente possa esconder)
e isso é a maravilha que está mantendo as estrelas distantes

Eu levo o seu coração (eu o levo no meu coração) 

E. E. Cummings

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