sexta-feira, 15 de setembro de 2017

OUTROS CONTOS

«Glosa», conto poético por Manel d' Sousa.

«Glosa»
Desenho/ JPGalhardas

MOTE

Meu amor, vê se te ajeitas
a usar meias modernas,
dessas meias que são feitas
da pele das próprias pernas.

António Aleixo

1095- «GLOSA»

Era mulher vistosa
Aquela que aqui passou,
O ar se perfumou
Com o cheiro da ‘rosa’.
Dedico-lhe esta glosa
Em livro de receitas
As dúvidas desfeitas
Sobre minhas intenções…
Em certas ocasiões,
Meu amor, vê se te ajeitas!

Dá voltas ao sentido
Uma cor transparente…
E eu, d’olhar inocente,
Coração meio dividido.
Pensamento entretido
Nestas visões externas,
Imagino partes internas
Como vieram ao mundo…
O meu apelo rotundo
A usar meias modernas.

Elas passeiam a trejeito
No seu modo de andar…
Prendo nelas meu olhar,
Fico às vezes sem jeito.
Não lhes acho defeito
Ou sinal doutras maleitas,
Tudo no sítio às direitas
Na verdade esculturais…
Diz-me que são naturais,
Dessas meias que são feitas.

Desfilam à minha beira
Travestidas ao natural…
Ou com adorno especial,
Nunca de outra maneira.
Há ainda quem queira
Que elas sejam eternas,
Mas não me consternas
Com esse vã pensamento…
Novas meias invento
Da pele das próprias pernas!

Manel d’ Sousa

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