segunda-feira, 30 de outubro de 2017

OUTROS CONTOS

«Quando Eu Morrer», conto poético por Manel d' Sousa.

«Quando Eu Morrer»
O Circo/ Marc Chagall

Quadra da Mário Sá-Carneiro do poema “Fim” composto de 2 quadras de rima interpolada ou intercalada. Para a construção das décimas, alterei a primeira quadra para rima cruzada ou alternada.

A quadra tal qual escreveu o poeta, diz assim:

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!

Quadra com a rima cruzada ou alternada para construção das décimas:

1117- «QUANDO EU MORRER»

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes…
Chamem palhaços e acrobatas, 
Façam estalar no ar chicotes!

Vai o enterro a passar…
Quem será que morreu?
Sei que não fui eu,
Ainda estou a respirar.
Ouve-se gente chorar…
Parecem lágrimas sensatas,
Também alguns vira-latas
Uivando no cortejo…
Digo meu último desejo:
Quando eu morrer batam em latas!

Manda embora a tristeza
Quando chegar minha vez…
Creio que às duas por três,
A alegria vem de certeza.
Não preciso de mais fineza…
Bastam-me estes motes,
Para que a dor suportes
O que peço, deves fazer…
Quando eu morrer
Rompam aos saltos e aos pinotes!

Se o Circo vier à cidade
No dia da minha morte…
Considero-me com sorte,
Haverá festa de verdade!
Quero cá deixar saudade
E esquecer as zaragatas,
Se tu ainda bem me tratas
Não permitas o desterro…
No dia do meu enterro
Chamem palhaços e acrobatas!

Antes de baixar à cova
Ouve bem o que eu digo,
Não te esqueças amigo
Que a amizade se prova.
Atende esta prece nova…
Por favor, não a boicotes,
Tu não me conotes
Com um morto qualquer…
Então, se Deus quiser,
Façam estalar no ar chicotes!

Manel d’ Sousa

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